10 de nov. de 2009

They care a lot.






*Por Eliza Pellegrini (Hell's Comming Post, SP)


Sábadão, na cidade de concreto num calor de mais de 30 graus. E eu mais uma vez percorrendo quilômetros por um show. Chácara do Jockey, como isso é longe! No caminho, não imaginava que cada gota de suor valeria o esforço.

Festival grande normalmente é aquela bagunça, sujeira, filas intermináveis, stress. Não o Maquinária. Cheguei lá já na terceira banda principal (Deftones) e apesar do trânsito inevitável (sem metrô próximo, a maioria foi de carro), a entrada foi tranqüila, sem filas, com muito staff organizando e dando informação. Até a limpeza foi de impressionar: recolhendo copos e lixo no meio do pessoal e banheiro químico habitável (apesar do calor infernal).

Jane’s Addiction foi nossa banda de abertura. Nossa porque perdemos outros três shows bons: Nação Zumbi, Sepultura e Deftones. Pelo que pesquisei, todos imperdíveis (damn!). Havia um segundo palco, com bandas menores,

Mas Jane’s foi genial. Há quem reclamasse que poderiam ter selecionado mais músicas pesadas para o repertório, mas mesmo assim, eles agitaram o público do início ao fim, com a maluquice brilhante (estilo Ney Matogrosso) do Perry Farrell, as lindas tatuagens expostas do Dave Navarro (sem palavras) e suas lindas e descobertas dançarinas (a loira oriental é mesmo casada com o vocalista?). Muito mais que uma performance bem feita, a voz perfeita e a técnica dos outros integrantes são sensacionais.

Começa então a ansiedade pré-FaithNoMore... Regada a água. Roadies correndo para cobrir os instrumentos, já todos afinadinhos e à espera, pois chega uma chuva torrencial de 10 minutos para encharcar o público. Isso bem me lembrou o show do Maiden em 2008 no Palestra Itália, quando o mesmo me aconteceu: ensopada, com frio, com medo de estragar a máquina fotográfica... mas é só começar o show e todos os problemas vão embora, até da chuva que volta depois a gente esquece (“Mas não está chovendo! – Tá sim, olha no telão!”).

Frenesi coletivo instantâneo: Mike Patton entra com seu terno vermelho, sua bengala e um belo guarda chuva. Sem frases decoradas e muito espontâneo, o tempo todo se comunicando em português (portunhol!) com o público, extremamente carismático. A cada canção que iniciava, mais o público pulava, cantava, gritava, pedia música.

Peculiaridades não faltaram. “Evidence” em português e dedicada ao Zé do Caixão. Bossa nova sim, mas na “Caralho Voador”. Muito palavrão, mas tudo em português para ninguém se enganar. E antes de encerrar a primeira parte (foram dois bis!), Mike desce do palco para passar o microfone para o público na grade (pedindo para gritarem “Porra, caralho!”), mostrando o distintivo de policial que usava no pescoço para os seguranças que tentavam conter o pessoal obviamente ensandecido com a proximidade, que teve direito a dois beijos na boca do músico – um de um garoto.

Quase morri com “Last Cup of Sorrow”, “Midlife Crisis”, “Easy” (sou clichê, quase chorei com essa). QUASE morri, pois faltou “Falling To Pieces” e “Small Victory”. “Diggin’ the Grave” fechou com chave de ouro, bela canção para finalizar um espetáculo em que a gente se descabela e se arrebenta toda, mas sai com o sorriso de satisfação. Agradar a todos é impossível, mas eles chegaram perto.

Tocando os clássicos, algumas surpresas e covers, Faith No More provou que não é mais uma banda caça níqueis que se reúne por uns trocados. Os caras mandam muito bem, ainda e esperamos que sempre. De longe um dos melhores shows da minha vida.


*Correspondente de São Paulo do Run to the News
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Um comentário:

Unknown disse...

Eu me senti no show com essa resenha.


Mas fico triste que eles não tocaram Falling To Pieces...é a minha favorita.